Entra ano, sai ano e o caos na saúde pública permanece o mesmo. As três esferas de poder – federal, estadual e municipal – mantêm o faz-de-conta da liberação de recursos para garantia básica de atendimento à população. Dívidas milionárias com Organizações Sociais que administram hospitais em Goiás, com instituto de previdência em Goiânia e frequentes atrasos de repasses em convênios com a União representam a falta de comprometimento dos governantes. A tão propalada prioridade para a saúde foi reduzida a trecho de discurso em solenidade oficial. Todos ouvem, mas ninguém acredita no orador. Pura peça de ficção.
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Goiânia
Simplesmente não há justificativa para a Prefeitura de Goiânia estar devendo R$ 180 milhões em repasses para o Instituto de Previdência dos Servidores (Imas). O débito já havia sido renegociado em 60 parcelas, juntamente com a Câmara Municipal, há três anos. O Poder Legislativo tem honrado o compromisso, enquanto o Executivo preferiu, irresponsavelmente, ignorar o débito. Atraso no pagamento do 13º salário aos profissionais da saúde também comprometeu o atendimento nas unidades básicas. Eis a triste realidade na capital de 1,5 milhão de habitantes, referência para os demais municípios.
Goiás
Com o Governo de Goiás não é diferente. A dívida com Organizações Sociais que administram hospitais ultrapassa R$ 140 milhões, uma aberração em todos os sentidos. O poder público estadual simplesmente faz pouco caso de um modelo de gestão vendido como moderno e inovador para o país. Seria cômico se não fosse trágico. Temos unidades de saúde de Primeiro Mundo na propaganda, constamente visitadas por integrantes de outros governos, mas que não conseguem a mínima garantia financeira para prestar atendimento digno aos menos favorecidos.
Brasil
Já o Ministério da Saúde é useiro e vezeiro na estratégia de mudar critérios para postergar repasses aos estados e municípios, estabelecendo condições que ele próprio não consegue fiscalizar. Hospitais das Clínicas e Santas Casas vivem recebendo aportes de emendas parlamentares para conseguir sobreviver, um socorro que poderia ser evitado se houvesse planejamento prévio.
Resumindo: a saúde no Brasil continua sendo tratada com ineficiência, desleixo e foco meramente eleitoral. A prioridade dos governantes tem a mesma dimensão de uma fratura exposta no cérebro.
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