Cerca de 265 mil alunos voltaram às salas de aula na rede estadual de Goiás nesta 2ª feira (2) em um cenário da pandemia de covid-19 que ainda causa preocupação em relação aos riscos de contaminação.
Na última 4ª feira (28) o Brasil registrou 48.013 novos casos da doença, com uma média móvel de contaminações de 46.162 – taxa considerada alta por especialistas.
Segundo o infectologista do Atalaia Medicina Diagnóstica José David Urbaez, a volta às aulas presenciais nesse cenário pode causar um aumento nos casos entre as crianças, familiares e todos os trabalhadores envolvidos no sistema de educação.
“O patamar elevado de casos que temos agora gera riscos entre as pessoas que circulam em volta da atividade escolar. Além de professores e estudantes, nós temos um universo de prestadores de serviço, funcionários de apoio, todo um conjunto de pessoas que apresenta uma alta mobilidade. Nesse cenário, isso representa um aumento possível nos novos casos e, consequentemente, nos óbitos”, continua.
Vacinação e idade
De acordo com o infectologista, a vacinação gera uma barreira importante na transmissão da covid-19.
Mas os dados brasileiros em relação à imunização completa, com menos de 20% da população totalmente vacinada, apontam para um cenário desfavorável.
O aumento de circulação de pessoas causado pela volta em massa das aulas presenciais pode ter um impacto significativo no número total de casos, mesmo que as crianças não sejam consideradas um grupo de risco.
“A questão da reação da criança à covid-19 depende muito da idade. Sabemos que as menores têm um porcentual pequeno de complicações, de forma que não causam grande preocupação. Mas conforme tenhamos um aumento na distribuição de casos, com mais crianças contaminadas, eventualmente teremos mais casos graves entre elas também”, diz David Urbaez.
“É um dos motivos para que a questão de convocar em massa as crianças para a escola com a alta transmissão que temos agora e com a baixa vacinação nos deixe com um pé atrás”, continua.
Medidas de segurança
Para o especialistas, a volta às aulas presenciais deve ser feita com protocolos efetivos de segurança.
A higienização das mãos e do ambiente com álcool 70% é importante, mas um fator secundário para a segurança.
O foco dos protocolos de segurança adotados deve ser: o uso de máscaras de alto poder de proteção, como a PFF2 e a N95; separação adequada entre as crianças; e a ventilação dos ambientes, que é o fator mais importante em um ambiente fechado como as escolas.
Outro fator extremamente importante para o retorno seguro é a vigilância epidemiológica, com um monitoramento constante dos casos.
“Com os dados da vigilância, e eu insisto muito nisso, poderemos enxergar a verdadeira dimensão da pandemia, levando em conta as particularidades entre cada região, bairro e mesmo das próprias escolas”, finaliza.
Goiás
A rede estadual de ensino de Goiás retomou as aulas presenciais nesta segunda-feira (2), em regime híbrido. O retorno está sendo realizado com a ocupação de até 50% da capacidade da escola, conforme as deliberações do Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus.
Em sistema de revezamento de alunos, haverá aulas presenciais e não presenciais, de forma complementar, para alcançar todos os estudantes. A prioridade de retorno presencial é para os estudantes sem acesso à internet, com dificuldades de aprendizagem e em vulnerabilidade social.
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