Podemos perceber que o programa Mais Médicos tem recebido críticas de alguns dos médicos brasileiros e de um segmento da sociedade que não utiliza o SUS para tratar de seus problemas de saúde. Por outro lado quem precisa utilizar os Postos de Saúde nas capitais e principalmente no interior do país, tem nos médicos estrangeiros a mão de socorro para seus sofrimentos. Eles vão aonde boa parte dos médicos nacionais não quer chegar, ganham salários bem menores e mesmo assim atendem o paciente com muita dedicação.
Já gostava do Mais Médicos e passei a admirar ainda mais ao conhecer o trabalho de dois cubanos que atendem no distante município de Cavalcante GO, no Nordeste goiano, na fronteira com o Tocantins. São eles os médicos Liban Curbelo e José Miguel Guerra Perez, profissionais competentes e dedicados que não me conheciam como jornalista.
Bom atendimento
Liban e Miguel foram contatados pela Caravana Ecológica na sexta-feira de Carnaval para um trabalho voluntário na comunidade Kalunga do vão Salinas, na escola Congonhas. Imediatamente aceitaram participar, interrompendo o laser do feriado e voluntariamente foram e atenderam a mais de cem pessoas que há muito tempo não recebiam a visita de um médico na região.
Gente sofrida, eles gostaram do atendimento, encaminhamentos e das orientações médicas que receberam e também alguns medicamentos básicos foram prescritos. Naquele momento os médicos fizeram a diferença na vida daquelas pessoas humildes.
Enquanto alguns médicos nacionais se negam a deixar o conforto, os dois cubanos voluntariamente encararam uma viagem de quatro horas em estrada sem asfalto, não desfrutaram dos benefícios da energia elétrica, dormiram em barracas, comeram o que tinha para ser servido e como todos os demais tomaram banho em chuveiro improvisado em cano. Tudo sem murmurar, viveram dois dias como os demais daquela região.
Diferencial
Conversando com Liban ele informou que a medicina cubana se baseia em três pilares: “O físico, quando se examina o paciente, olhos, ouvidos, garganta e outros pontos de sintoma tocando na pessoa. O psicológico, conversando com o paciente deixando-o descontraído para numa conversa franca saber o que acontece. O social, interagir na comunidade, participando das atividades sociais e dando orientações médicas quando solicitados”. Isso nos remete a um assado distante quando existia no Brasil o médico da família, o clinico geral que acompanhava de perto a evolução das pessoas, muitas do nascimento até a fase adulta.
Acho que essa é a grande diferença dos médicos cubanos: Um atendimento mais pessoal e humanitário. Indo onde quer que seja necessária a presença de um médico.
Por outro lado é entristecedor saber que além dessas diferenças no atendimento aos pacientes, os salários também são diferentes. Os médicos cubanos recebem bem menos que os nacionais. Por isso, fica aqui minha sugestão para os prefeitos que gostam do povo, principalmente aqueles menos favorecidos que moram nas zonas rurais: Em nome do povo sofrido, melhorem as condições de estadia desses médicos estrangeiros, os remunerem com gratificações extras, melhorem as condições de trabalho e medicamento, etc. Com certeza a gratidão da população vão refletir nas futuras eleições.
João Carlos Barreto é jornalista, editor da Ag. Goiás em notícias.com
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