Who is this? (It’s George.) Come on up.
“Seinfeld” é uma série sem “plot” rígido ou convencional. Não dá pra dizer que ela é sobre isso ou aquilo. Os personagens não têm objetivos claros, como nos mais tradicionais e bem escritos roteiros. Mas o resultado foi um dos produtos mais icônicos da história da televisão norte-americana.
Nela, o comediante Jerry Seinfeld é protagonista, interpretando uma versão ficcionalizada de si mesmo. Entremeados por trechos dos stand-ups de Seinfeld, os episódios são focados em mais três amigos do comediante. E o que falta de talento para as artes cênicas em Jerry sobra nos outros três.
O elenco fixo de apenas quarto personagens: Seinfeld (por Seinfeld), seu vizinho Cosmo Kramer (por Michael Richards), sua ex-namorada Elaine Benes (por Julia Louis-Dreyfus) e seu melhor amigo George Costanza (por Jason Alexander).
Mesmo com a indescritível capacidade de atuação dos outros atores, (seria chover no molhado enfatizar o quanto são bons) nenhum deles conseguiu, apesar de terem tentado, emplacar uma própria série nos anos consecutivos. Mas Louis-Dreyfus é aclamada pela crítica ano após ano pelo papel de Selina Meyers em “Veep”.
“Seinfeld” não revolucionou nada. A TV americana produz sitcoms em ritmo fordista desde a década de 1940. “A série é sobre nada”, disse Jerry. Mas seria mais apropriado dizer que ela foi sobre tudo. Nem a cara datada de anos 80 torna difícil a identificação com os problemas e as tramas dos episódios. E é justamente isso o que faz uma boa comédia.
Com tanta qualidade, não foi surpreende a influência que teve sobre uma geração de comediantes na televisão. Chris Rock bebeu dessas águas. E Louis CK, responsável pelo melhor seriado de 2014, admite com franqueza essa inspiração.
Afinal, o que te impede de devorar agora mesmo os 180 episódios de “Seinfeld”?
*No Brasil, “Seinfeld” é exibida pela Sony.
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
Discussão sobre isso post