Dias contados
Já é dada como certa no Palácio do Planalto, a saída do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, assim que vencerem os dois primeiros anos de mandato, em setembro. Dificilmente ele será reconduzido ao cargo, em função de uma sequência de ações, consideradas um tanto atrapalhadas. A mais recente é uma articulação para ouvir os suspeitos da operação Lava-jato pela PGR e não pela Polícia Federal, que vem conduzindo os trabalhos até agora. A avaliação, inclusive de membros do Ministério Público, é que a guerra de egos pode atrapalhar as investigações.
Caso Palocci
Por falar em PGR, teria sido de lá a ordem para que a investigação contra o ex-ministro Antônio Palocci fosse suspensa. Na época, Palocci ocupava a cadeira de ministro da Casa Civil, o braço direito da Presidência da República. Um documento vazado pelo MP para a revista Época, no último fim de semana jogou tudo no ventilador.
Era Collor
Um grupo de políticos e empresários está na mira dos parlamentares da CPI do HSBC por terem participado de um esquema de tráfico de influência na era Collor. São pessoas que teriam se beneficiado da informação de que o ex-presidente Fernando Collor de Mello confiscaria todo o dinheiro das cadernetas de poupança e das contas correntes, ao tomar posse. O grupo teria sido avisado a tempo de retirar fortunas dos bancos brasileiros e depositar em contas do HSBC. A revelação foi feita pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Segundo ele, o esquema que a CPI investiga funciona há muitos anos, o que só faz crescer a certeza de impunidade.
Questão de sobrevivência
Em duas semanas, duas tentativas de afagar os parlamentares. Depois de receber o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), para um jantar intimista no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos o aumento substancial de verba do fundo partidário. Foram duas tentativas de estabelecer o clima de paz e amor entre o governo e o Congresso. Mas não se trata de uma mera bandeira branca. Os dois gestos têm significados que vão além da governabilidade ou da necessidade de apoio para projetos importantes.
Sobre Cunha
No caso do afago ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com quem sempre se desentendeu e sobre quem nunca fez questão de manifestar nenhum tipo de simpatia, a presidente Dilma Rousseff pensou mais longe. Além de ser o mentor da pauta-bomba, cheia de projetos que contrariam os interesses do Palácio do Planalto, Eduardo Cunha, em última análise, é quem tem o poder de aceitar ou não um virtual pedido de impeachment contra a presidente. Assim sendo, vale a máxima de que é importante manter os amigos por perto, mas é ainda mais importante manter os inimigos ainda mais perto.
Nada bobo
Nada bobo, o presidente da Câmara Eduardo Cunha não apenas compareceu ao jantar, como também fez claras demonstrações de simpatia e de respeito à presidente Dilma. O parlamentar é especialista no assunto. Mas o convite não foi unanimidade entre os assessores da Presidência. Houve quem recomendasse o contrário: uma recepção no Palácio, oficial e em “horário de expediente”. Sobre o aumento do fundo partidário, a presidente quis demonstrar boa vontade com o Congresso. Claro, ela espera reciprocidade e disso cuidam o vice-presidente Michel Temer, que acumula a função com a pasta das Relações Institucionais, mais os líderes de Governo na Câmara e no Senado.
Simpático Renan
E presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) já vem dando um jeito de demonstrar simpatia e reconquistar a confiança do Palácio do Planalto, depois do recente desgaste com o governo. Depois de anunciar que o projeto de lei de terceirizações, que a presidente disse que vai vetar, o senador mandou avisar que, no mínimo, fará modificações. Vai dar um jeito de agradar ao Palácio, mas sem desagradar totalmente aos empresários. A necessidade de agradar aos empresários, aliás, é o que vem ditando o ritmo do projeto. São eles os financiadores das campanhas políticas no país.
Contato: [email protected].
Discussão sobre isso post