A cracolândia paulistana está na boca do povo país afora. Tudo por conta da identificação com a realidade vivida em outros centros urbanos. De olho neste palanque, os tucanos João Doria e Geraldo Alckmin, pré-candidatos à presidência da República no ano que vem, partiram para o tudo ou nada no desafio de por fim ao cartão postal que envergonha os moradores da maior cidade da América Latina. Resultado de uma ação policial mal planejada: implodiram o local de origem e espalharam o tráfico de drogas por mais de 20 pontos no centro de São Paulo. A reação negativa de especialistas em dependência química revela o quanto a ação espetaculosa buscou mais dividendos políticos do que combate equilibrado ao câncer social provocado pela cracolândia.
Partido do prefeito e do governador, o PSDB comanda a área de segurança pública de São Paulo há mais de duas décadas, justamente o período em que traficantes e usuários consolidaram uma das maiores feiras livres de drogas do planeta. Se a omissão do poder público prevaleceu por tanto tempo, como não acreditar que a visibilidade eleitoral é o principal fator que levou Doria e Alckmin a uma medida tão extrema e desarticulada? Até mesmo o cidadão paulistano que aplaudiu a iniciativa num primeiro momento, hoje já enxerga a dimensão dos estragos deixados em três áreas: saúde, habitação e assistência social.
LEIA MAIS: Quatro assaltantes fazem arrastão em ônibus em Aparecida. “Agressivos”
Presidente perdido no espaço
Responda rápido: em que mundo vive Michel Temer? Prestes a ser apeado do Palácio do Planalto, ele mantém a mesma rotina de trapalhadas diárias. Reclama a todo momento da cobertura da crise política feita pela Rede Globo – se considera vítima de perseguição – e garante que as reformas serão aprovadas no Congresso Nacional. O peemedebista, mesmo com rejeição recorde de 95% da população, ainda acredita que fará diferença no futuro do país.
Comentário reservado de um assessor de Michel Temer ao jornal O Globo: “O presidente se agarra a um script para sobreviver, mesmo que não encontre sintonia com a realidade. Ele simplesmente repete o que já aconteceu com Collor e Dilma no passado”. Sinceridade à parte, Temer tem um atenuante: mesmo com seu governo desmoronando, mantém a educação e o respeito com os mais próximos.
Acompanhe o Folha Z no Facebook, Instagram e Twitter
Discussão sobre isso post