O exercício simultâneo da atividade de professor e de policial militar permite-me um olhar privilegiado sobre as questões relevantes para as bases sociais mais urgentes que são saúde, educação e segurança pública. Em sala de aula, tenho repetido, à exaustão, que se pudermos deixar um único legado, um único ensinamento para a próxima geração que ele seja o título deste artigo.
Professores e policiais trabalham para a prevenção. A diferença são os métodos ou a metodologia utilizada, além dos recursos disponíveis para a ação. O professor ensina e repete os conceitos, persuadindo de variadas formas. Já os policiais, em regra, orientam e cobram o que deveria ter sido ensinado; exemplo: não matar, não roubar, não traficar. Nas ruas, posso orientar quanto ao trânsito, quanto à prevenção de incêndios, a preservação ambiental, quanto aos locais de maior exposição ao perigo, quanto aos cuidados na praia. Contudo, desrespeitadas estas condutas entra em ação “a mão visível” e por vezes pesada do Estado.
Zelar pela disciplina em todas as esferas compete a família, mas pode ser reforçada pela escola. Disciplina com os horários, com a alimentação, com a passagem pelo médico, no clube, na Igreja, dentre outras. Com disciplina e cumprindo as regras os demais comportamentos florescem: cidadania; respeito ao próximo; autocontrole diante de situações adversas e busca de alternativas para solução de conflitos sem uso da força física.
Pesquisadores educacionais indicam comportamentos que geram efeitos positivos nas crianças; 1º – o valor que os pais atribuem à educação, 2º – sua capacidade de conversar com os filhos sobre o futuro deles e 3º – a leitura em voz alta com os pequenos. Professores e policiais atuam, silenciosamente, formando e orientando as próximas gerações para vê-los com vida e saúde, ajudando-nos a praticar a teoria da dádiva que é “dar, receber e retribuir”.
Ronilson de Souza Luiz, capitão da PM, bacharel e licenciado em letras pela USP e doutor em educação pela PUC/SP ([email protected])
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