Lula e a Batalha dos Aflitos
Como a presidente Dilma Rousseff estava pela bola 7 e não resistiu, algo previsível, sobrou para o ex-presidente Lula a tarefa de conduzir o seu frágil exército nos minutos finais de uma disputa contra o juiz Sérgio Moro, ampla maioria dos formadores de opinião e milhões de brasileiros. Só resta o comando da Casa Civil ao pernambucano de Caetés (PE), ou seja, uma bola apenas para o inesperado triunfo ou para o aguardado fracasso.
LEIA MAIS: Lula é o novo ministro da Casa Civil
Quase tudo perdido
Seguindo a analogia futebolística, o cenário é bem próximo ao vivido pelo Grêmio na vitória por 1 a 0 contra o Náutico na Série B de 2005, eternizado como a Batalha dos Aflitos pelas circunstâncias desfavoráveis e também pelo nome do bairro onde fica o estádio no Recife (PE). O time gaúcho disputava o acesso à Série A com quatro jogadores a menos, expulsos durante discussão generalizada, e ainda sofreu com a marcação de um pênalti polêmico nos minutos finais. O goleiro gremista não só defendeu a cobrança como no contra-ataque foi marcado o gol do título.
Espaço para uma só jogada
Lula, Dilma e demais petistas estão psicologicamente abatidos por uma sucessão de fatos que implodiram o país: éticos, econômicos e políticos. Na linguagem popular já deveriam estar liquidados, todavia “o jogo só acaba quando termina”. Mesmo desgastado e inferiorizado, o ex-presidente acredita ser possível evitar o golpe de misericórdia “contra os companheiros” e acertar uma única jogada para reequilibrar os destinos do país.
Sem contraponto
A comparação pouco usual entre política e futebol, simplória como Lula gosta, serve para resumir o estado de espírito do cidadão brasileiro que não disfarça sua ojeriza ao noticiário de escândalos: ora torce para o declínio imediato do PT ora torce por uma recuperação econômica sem a necessidade de maiores traumas. E nesse aspecto a culpa é toda da oposição, principalmente do senador Aécio Neves e demais tucanos. Eles não conseguiram se apresentar como contraponto moral a quem está no poder.
Pérolas da política
“Indicação de Lula não faz de Dilma uma rainha da Inglaterra” (José Eduardo Cardozo, fanfarrão da AGU)
“Nós confiamos em Aécio Neves” (Geraldo Alckmin, governador de SP e ferrenho rival do mineiro no PSDB)
“Eu não sou vilão. Eu não sou bandido. Eu sou o profeta do caos” (Delcídio Amaral, senador com dias contados)
“Chegou a hora de alguma coisa acontecer para as coisas melhorarem para todo mundo, para o país inteiro. E a hora é essa” (Eduardo Marzagão, assessor e escuta do senador Delcídio Amaral)
“Ele (Iris Rezende) disse que está em oração e, no momento oportuno, dará resposta se vai ser candidato ou não” (Bruno Peixoto, deputado estadual, presidente do PMDB em Goiânia e, nas horas vagas, assessor para assuntos religiosos)
Discussão sobre isso post