O Ministério Público investiga um esquema de desvio de recursos de dízimos e doações à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).
Segundo informações preliminares, o montante apropriado indevidamente poderia chegar a R$ 2 bilhões ao longo de 10 anos de irregularidades.
Os crimes apurados, até o momento, são os de organização criminosa, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal.
Após determinação da juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão na sede da associação, empresas e residências em Goiânia e Trindade, inclusive na casa do padre Robson de Oliveira, presidente da associação.
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Políticos, imóveis e gado
As investigações apontam gastos injustificados feitos pela associação, como compra de imóveis e gado.
De acordo com informações às quais a reportagem teve acesso, parte do dinheiro desviado da Afipe também era direcionada a empresários e políticos, com o objetivo de financiar campanhas eleitorais.
Os nomes dos envolvidos, porém, ainda não foram divulgados pelo Ministério Público, o que deve ocorrer em uma coletiva de imprensa no período da tarde desta 6ª feira (21).
A associação ainda não se posicionou publicamente sobre o caso.
Como o caso foi descoberto
Ainda conforme o MP, os indícios do esquema foram identificados durante investigação de outro crime.
Em 2019, 5 pessoas foram condenadas por extorquirem o padre Robson de Oliveira, presidente da Afipe e reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, de Trindade.
Segundo os autos, Robson pagou mais de R$ 2 milhões para que o grupo não divulgasse informações obtidas por um hacker.
As imagens e troca de mensagens apontariam para um suposto caso amoroso do padre.
No entanto, segundo o MP, o valor pago mediante extorsão foi transferido de contas bancárias da Afipe.
À época, a associação emitiu comunicado afirmando que o dinheiro já havia sido devolvido à instituição.
Mas a investigação do desvio de recursos prosseguiu, até resultar na Operação Vendilhão, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta 6ª feira (21).
Afipe
Fundada e presidida pelo padre Robson de Oliveira, a Afipe é uma associação sem fins lucrativos.
Seu objetivo é angariar e gerir recursos para os projetos do Santuário, como as divulgações pela internet e televisão.
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