Ágil ou estagnada, SMT não conta com apoio do cidadão
Não foram poucas as vezes que utilizei este espaço para tecer duras críticas às deficiências da Secretaria Municipal de Trânsito (SMT). As justificativas do órgão para não disponibilizar um serviço de qualidade em Goiânia sempre estiveram atreladas ao reduzido número de agentes e falta de equipamentos básicos de manutenção. Isso acontece há décadas, independente do prefeito do momento. Mas justiça seja feita: quando está nas ruas, a SMT não conta com um milímetro de colaboração dos motoristas. Qualquer mudança no trânsito vira terra-sem-lei em pouco tempo.
Descaso com sinalização
Tive o desprazer de acompanhar uma alteração pontual na avenida T-3, próximo ao Clube Oásis, agora transformada em mão única em função da grande quantidade de colégios na região. Se não bastassem avisos, placas e nova pintura da sinalização vertical, os agentes utilizaram cones para alertar os cidadãos da mudança. Tanto esforço em vão. Bastaram alguns minutos para os motoristas ignorarem as orientações e formarem uma fila paralela, retirando os cones sem qualquer cerimônia. Palavrões e ofensas foram disparados na direção de quem buzinava. A balbúrdia somente acabou com a chegada dos agentes de trânsito, por volta das 6h50.
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Fonte arrecadadora
Eis o paradoxo. A sociedade goianiense cobra maior atuação da SMT para disciplinar o trânsito, mas reage de forma hostil ao primeiro sinal da presença dos agentes, seja no aspecto preventivo ou punitivo. Na cabeça do motorista infrator, aquele que estaciona em local proibido ou fura o sinal vermelho, a SMT é meramente sinônimo de indústria da multa, uma fonte arrecadadora inesgotável. E não é bem assim. Apesar das reconhecidas falhas em alguns serviços, o órgão exerce papel relevante para controlar o que ainda resta de organização no caótico trânsito da capital.
Vítima do desleixo
Em função das suas limitações, a SMT precisa do apoio e não da repulsa do goianiense. Ação fiscalizatória já carrega naturalmente a sua dose de desgaste, sendo desnecessária qualquer atitude que venha a tumultuar ainda mais o ambiente nas ruas. O agente de trânsito não é inimigo de ninguém. E a melhor forma de compreendê-lo é colocando-se no seu lugar. Dirigir em Goiânia está longe de ser uma tarefa fácil, segundo os especialistas uma questão cultural, então imagine a missão de quem é responsável por zelar da mínima ordem em quase 800 bairros, sem estrutura adequada. A SMT, antes de tudo, é vítima do desleixo e da falta de prioridade com o trânsito que imperam na Prefeitura de Goiânia desde a década de 1990.
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