O líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO), estreou sua coluna na “Folha de São Paulo” e deve escrever quinzenalmente aos sábados. Na edição impressa do último sábado, o senador falou sobre agronegócio e a incerteza gerada pela atual crise econômica.
Comentando a administração federal, o democrata enfatizou que somente novas eleições poderiam interromper o processo de “ingovernabilidade”.
Confira o texto na íntegra:
Uma nova eleição é solução para crise
Foi em meio a uma crise institucional, política, econômica, fiscal e de credibilidade que o mais eficiente plano de estabilidade econômica, em vigor desde 1º de julho de 1994, o Plano Real, comemorou 21 anos.
A previsibilidade instituída pela estabilidade monetária possibilitou o desenvolvimento tecnológico do setor agropecuário, que deu um salto de produtividade nestas mais de duas décadas.
Com 39 milhões de hectares em 1994, produzimos 81 milhões de toneladas de grãos. Em 2015, com 57,33 milhões de hectares, deveremos chegar à casa dos 200 milhões de toneladas. Enquanto a área plantada cresceu 47%, a produção deu um salto de 147%.
O setor superou as crises internacionais, passou a administrar seu passivo, herança do período inflacionário. Apesar de todo o preconceito por parte do governo, o setor agropecuário foi o principal sustentáculo da balança comercial em anos recentes, ajudando o país com uma reserva cambial de US$ 372 bilhões.
Nada obstante a importância do agronegócio, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, diz que o ajuste fiscal e a contenção de despesas para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal irão impedir gastos com subvenção econômica, que inclui os recursos destinados a equalizar taxas de juros do crédito rural, dos programas de exportação e dos programas de sustentação de preços e manutenção de estoques. Se ele diz que não vai equalizar juros, como o setor vai sobreviver?
O atual cenário, com sinais claros de agravamento, fará o PT tirar dos brasileiros a maior conquista de todos os tempos, que é o Plano Real.
Com a volta da inflação, vamos retroagir aos anos de 1990, quando o setor se endividava com créditos reajustados por taxas e indexadores, as famosas letrinhas. Para exemplificar, ao final do ano agrícola, o produtor contraía um empréstimo equivalente a 10 mil sacas de milho, mas na colheita devia 50 mil sacas.
O setor já foi punido neste ano com a não liberação do pré-custeio. Ficou inviabilizado o preparo do plantio de uma safra. Essa antecedência era importante para o produtor ter melhor capacidade de negociação.
E a pergunta que fica: a que custo será repassado esse empréstimo em cima da hora ao produtor? A que taxa de juros? Será que vão reeditar novamente as letrinhas como indexador da dívida do produtor, sem a garantia do preço mínimo? Sem o seguro agrícola?
Justo agora que imaginávamos o fim desse processo de vincular um setor tão importante como a agropecuária ao chamado Plano Safra, que avançaríamos para um Plano Plurianual, com regras claras para o setor e transmitindo segurança do ponto de vista jurídico e econômico. Infelizmente, a gestão bolivariana dos governos do PT nos sinaliza para um passado que a agricultura quer esquecer.
Além dos problemas relatados aqui, não cabe a mim, como senador da República, apenas diagnosticar o óbvio e se preocupar com o que possa acontecer, mas sim trabalhar no sentido de antecipar os fatos, mobilizar a classe política, o setor produtivo e a sociedade para o momento que vivemos: a total ingovernabilidade, com a presidente Dilma Rousseff, sem nenhuma credibilidade, atingindo o mais alto patamar de rejeição desde a redemocratização.
Sabedores da importância do setor agrícola e da ameaça que lhe aflige, devemos alçar os olhos também para essa preocupação nacional. Como brasileiros, precisamos abraçar um projeto para tirar o país da crise e promover uma correção de rumos. Para isso, defendo a realização de uma nova eleição para a Presidência da República.
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