Michelzinho merecia visita com roteiro original
Até o mais desinformado dos cidadãos brasileiros sabe que a Presidência da República dispõe de uma ampla – e muito bem remunerada – equipe de auxiliares para cuidar da imagem e do discurso dos inquilinos do Palácio do Planalto. Em condições normais, o presidente da República e seus familiares estariam blindados de eventuais gafes. Isso na teoria, porque na prática o que se vê é uma sucessão de micos na tentativa de aproximá-los da vida real.
Folclore e tiro pela culatra
O casal Michel-Marcela Temer, presidente e primeira-dama interinos, protagonizou um dos momentos mais bizarros do folclore político de Brasília ao buscar o filho Michelzinho na escola. A aparição “carinhosa e espontânea” teve roteiro combinado, look escolhido a dedo pelo personal stylist de Marcela e convocação da imprensa para o momento sublime. Papai e mamãe zelosos com a educação do filho, uma espécie de pequena-grande família, era a imagem a ser vendida. O tiro saiu pela culatra.
Casal exposto ao ridículo
Como sempre acontece com ideias que surgem na cabeça de energúmenos – sejam eles ministros, assessores especiais ou de comunicação – os protagonistas foram expostos ao ridículo e à fúria dos pais de outros alunos com a desnecessária armação no colégio. O experiente Temer caiu muito no conceito público ao permitir que sua família fosse exposta de maneira tão amadora e tendenciosa. Eis um dos motivos, associado ao desgaste ético da cúpula nacional do PMDB, para a rejeição de Temer figurar no mesmo patamar da quase ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Mensalidade de R$ 4 mil
Pensando bem, o episódio poderia ter causado um estrago ainda maior na imagem de Michel Temer. Como evitou dar entrevista, o presidente não correu o risco de ser questionado sobre o nome da escola e o valor da mensalidade. Certamente teria dificuldade com as duas respostas. Então é melhor ajudá-lo: Escola das Nações, no Lago Sul, e o custo mensal de R$ 4 mil para os matriculados no segundo ano.
O papel com a cola para o presidente estava no bolso de um dos assessores, cúmplice da “brilhante” ideia de humanizar a figura do pai-avô. Enquanto isso, Michelzinho segue protagonizando os mais divertidos memes nas redes sociais. Aos sete anos, o filho do presidente já é uma celebridade e pode precisar de acompanhamento psicológico no futuro, graças à estratégia de assessores e à concordância de Temer.
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